domingo, 4 de novembro de 2012

2° Guerra Mundial - O Brasil na Guerra - O Exército Parte 2


Olá Pessoal,

Hoje vou postar a 2° parte da participação do Brasil na SG. Infelizmente as condições do Exército Brasileiro não era das melhores e não fosse a intervenção americana talvez o embarque não teria acontecido.

Foram embarcados 5 escalões rumo ao teatro de guerra europeu totalizando 25.000 homens, que foram escoltados por destroieres brasileiros e belonaves americanas até Gilbraltar sendo depois escoltados por navios de guerras ingleses e americanos pelo Mar Mediterrâneo chegando enfim na Itália.

Uma boa leitura.
Bruno Mingrone


Travessia do Atlântico



Sentia-se, por toda a parte, a campanha do quinta-colunismo contra a preparação de nossa tropa e seu embarque para além-mar, com os comentários mais desagradáveis sobre as qualidades morais e físicas do soldado brasileiro, procurando levá-los ao ridículo e ao desânimo diante dos graves riscos que os aguardavam na travessia do Atlântico. Via-se, com desalento e tristeza, o arrefecimento dos preparativos de embarque, por parte das autoridades brasileiras, e, não fora a ação providencial do General Kroner, adido militar norte-americano, junto ao seu governo e ao nosso Ministro da Guerra, não teríamos conseguido atravessar o Atlântico com a oportunidade exigida pela marcha dos acontecimentos.

O governo começava a recuar diante das suas responsabilidades para com os Aliados, pois a FEB, dias depois da partida do 1º Escalão de Embarque, ficou reduzida apenas a uma Divisão de Infantaria (1ª DIE) e mais alguns órgãos de Exército, como Depósito de Pessoal, Pagadoria Fixa, a Agência do Banco do Brasil, o Depósito de Intendência, o Correio Regulador, os Grupos Hospitalares e o Serviço de Justiça, em conseqüência da ordem de adiar-se sine die a organização das 2ª e 3ª Divisões de Infantaria, o que restringiu de muito a contribuição militar do Brasil.

O êxito da operação de embarque para além-mar condicionava-se á rapidez com que homens e material se internassem nos transportes de guerra e à manutenção de relativo segredo. Não era possível obter-se completo sigilo sobre uma operação dessa natureza, mormente quando as tropas, tendo de servir-se da Estrada de Ferro Central do Brasil e utilizar-se do Cais do Porto do Rio de Janeiro, se expunham à normal curiosidade de populares. A primeira das condições supra-enumeradas revestia a feição de um assunto de instrução militar. Já concentrada a 1ª DIE, realizaram-se freqüentes exercícios de embarque e desembarque, focalizando-se a necessidade de grande rapidez e os cuidados tendentes a evitar as acidentes. Além dessas práticas, foram ministrados conselhos e exibidos filmes, tudo objetivando convencer aos expedicionários de que qualquer indiscrição poderia redundar na perda de milhares de companheiros e, como corolário, sacrificar o êxito da Expedição. Os resultados alcançados foram brilhantes. Relativamente à obtenção do segredo, muitos foram os recursos postos em ação.

Graves e convincentes foram os motivos que impuseram a montagem de um eficiente sistema de escolta aos navios-transportes que conduziram os cinco escalões da FEB. Em razão da probabilidade de intervenção dos submersíveis contrários, destróieres brasileiros e belonaves americanas acompanhavam até o estreito de Gibraltar os navios que transportavam nossas tropas. A viagem no Mediterrâneo realizava-se com uma nova escolta de navios americanos e ingleses, contando com constante cobertura aérea. Blimpes e aviões, com bases no Brasil e África, asseguravam a cobertura desses transportes, desde os primeiros momentos da partida até o porto de destino. Completavam as medidas de segurança as bombas de profundidade dos destróieres, o próprio armamento dos transportes de guerra, o contínuo funcionamento do radar e os aviões existentes nos cruzadores americanos da escolta. Apesar de todos esses meios, eram diários os exercícios de alarma para abandono do navio e obrigatório o uso permanente de salva-vidas. As regras de segurança impunham também o escurecimento do navio, durante a noite. Com a efetivação de tal medida, todo pessoal embarcado era empilhado nos alojamentos, que se fechavam para impedir a filtração da mais fraca réstia de luz. Desagradáveis, insuportáveis quase, eram essas noites, quentes e infindáveis, vividas em compartimentos abafados e lotados até o teto. Além disso, a diferença de alimentação e a agitação do mar provocavam o enjôo em grande número de companheiros, o que tornava insuportável a vida nos alojamentos. Os freqüentes exercícios de artilharia de bordo contra alvos aéreos interessavam muito à tropa embarcada e constituíam um agradável passatempo. Para aliviar as naturais preocupações da viagem e o cerceamento da liberdade, decorrente das medidas de segurança e escurecimento do navio, os comandos dos transportes faziam exibir alguns filmes cinematográficos e executar programas variados de divertimentos, geralmente a cargo dos capelães de bordo. Alem disso, a tripulação dos transportes, desde o marujo ao comandante, esmerava-se em gentilezas de toda ordem, tudo envidando para dissipar o turbilhão de saudades e apreensões.

A FEB se desdobrou em cinco Escalões de Embarque no valor aproximado de 5.000 homens, cada um, perfazendo um total de cerca de 25.000 homens; os três primeiros constituíam a 1ª DIE e os dois últimos formavam o Depósito de Pessoal, órgão da FEB, destinado ao recompletamento dos claros. Os cinco Escalões de Embarque se deslocaram para a Itália nas condições abaixo:

                          Embarque do 1° Escalão da FEB rumo à Itália

1º Escalão de embarque: A 2 de julho de 1944, pelo "General Mann", sob o comando do General Zenóbio da Costa, tendo chegado a Nápoles em 16 de julho. Acompanhou este Escalão o General Mascarenhas de Moraes. Composição: Escalão Avançado dos Quartel General da 1ª DIE; Estado Maior da ID da 1ª DIE; o 6º RI; a 4ª Cia. e 1º Pel. de Mrt. do 11º RI; o II/1º ROAuR; 1ª Cia. do 9º BE; 1/3 das Sec. Supr. e de Man. do 9º BE; 1º Pel. do Esquadrão de Reconhecimento; a Sec. Explr. e elementos da Sec. Cmdo. da 1ª Cia. de Transmissões; a 1ª Cia. de Evacuação, o Pel. Tratamento e elementos da Sec. Cmdo., todos do 1º Batalhão de Saúde; a Cia. de Manutenção; o Pelotão de Polícia Militar; um pelotão de viaturas, uma Sec. do Pel. de Serv. e elementos da Séc. de Cmdo. da 1ª Cia. de Intendência; e elementos da FEB anexos à 1ª DIE; o Correio Regulador, o Depósito de Intendência, a Pagadoria Fixa, correspondentes de guerra, elementos do Hospital Primário, Serviço de Justiça e Banco do Brasil. Efetivo: - 5.075 homens, inclusive 304 oficiais.

Escalão de Embarque: A 22 de setembro de 1944, pelo "General Meigs", sob o comando do General Oswaldo Cordeiro de Farias, chegando a Nápoles em data de 6 de outubro. Composição: AD/1ª DIE (Estado-Maior e Bia. de Comando); o 1º RI; I/2º ROAuR; 9º BE (elementos do Dest. Cmdo., Cia. de Serviço e 2ª Cia.); grosso do I° Esquadrão de Reconhecimento; 1ª Cia de Transmissões (Sec. Extra., uma Sec. Explr. e Sec. Constr.); 1º Batalhão de Saúde (elementos do Dest. Cmdo., 1ª Cia. de Evacuação e elementos da Cia. de Tratamento); elementos da Cia. de Intendência; elementos de Depósito de Intendência; elementos dos Serviços Postal e Justiça; Cia. do Quartel-General da 1ª DIE; grosso do QG da 1ª DIE; 2º Grupo Suplementar Brasileiro em Hospitais americanos; 3º Grupo Suplementar Brasileiro em Hospitais Americanos; correspondentes de guerra e elementos do Banco do Brasil. Efetivo: - 5.075 homens, inclusive 368 oficiais.

Escalão de Embarque: A 22 de setembro de 1944, pelo "General Meigs", sob o comando do General Olimpio Falconiere da Cunha, chegando a Nápoles em 6 de outubro. Composição: 11 RI.; I/1º ROAuR; I/1º RAPC; 9º BE (Comando e Cia. de Serviço, Dest. Saúde e 3ª Cia.); Esq. de Ligação e Observação; 1º Batalhão de Saúde (Dest. Cmdo., Pel. de Tratamento e 3ª Cia. Evac.); elementos da 1ª Cia. de Intendência; QG da 1ª DIE e Cia. do QG; Depósito de Intendência; Banda de Música; 1º Grupo Suplementar Brasileiro em Hospitais Americanos; e Pelotão de Sepultamento. Efetivo: - 5.239 homens, inclusive 318 oficiais. Os efetivos transportados nos 2º e 3º Escalões de Embarque montaram a 10.375 homens.

Escalão de Embarque: A 23 de novembro de 1944, pelo "General Meigs", sob o comando do coronel Mario Travassos, chegando a Nápoles a 7 de dezembro. Conduziu o 1º Escalão do Depósito de Pessoal da FEB; Efetivo: - 4.691 homens, inclusive 285 oficiais.

Escalão de Embarque: A 8 de fevereiro de 1945, pelo "General Meigs, sob o comando do Tenente-Coronel Ibá Jobim Meireles, tendo chegado a Nápoles a 22 do mesmo mês. Conduziu o 2º Escalão do Depósito de Pessoal da FEB. Efetivo: - 5.082 homens, inclusive 247 oficiais.
Para os elementos avulsos, médicos e enfermeiras em particular, destinados às turmas brasileiras que iriam funcionar nos Hospitais Americanos, os transportes se fizeram por via aérea (Rio-Natal-Dakar- Nápoles) Efetivo: - Transportado por via aérea 111, inclusive 67 enfermeiras. Dessa maneira, aportou ao Continente europeu, em escalões sucessivos, primeira força latino-americana destinada a combater em terras de ultramar. Esta "performance" constituiu justo galardão aos esforços dispendidos e enfrentados na travessia oceânica.
 
 

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