segunda-feira, 21 de abril de 2014

Mitologia Grega

Olá Pessoal,

Hoje falaremos sobre a mitologia grega, um tema que ainda hoje fascina muitas pessoas através de suas histórias e mitos.

A mitologia grega fascina tanto, que até hoje são feitos documentários, filmes, desenhos e livros sobre o tema além de ser utilizado em sincronismos como a série de desenhos "Os Cavaleiros do Zodíaco" que mistura mitologia grega e astrologia alem da série de livros " Percy Jackson e os Olimpianos" que fala da mitologia misturada aos dias atuais.

A mitologia grega nos trás algumas curiosidades vejamos alguns exemplos; 

Você sabia por que a via Láctea tem esse nome? 
Os gregos contam que Zeus teria trazido Herácles para se alimentar no seio de Hera enquanto ela dormia. Confusa com a situação, afinal Herácles não era seu filho, Hera teria acordado enquanto Héracles era amamentado e o teria empurrado, fazendo com que algumas gotas de leite caíssem. Essas gotas de leite seriam a origem da galáxia de acordo com a visão de mundo dos gregos.

Sabe por que chamamos nosso ponto fraco de "Calcanhar de Aquiles"?
A lenda que originou a expressão conta que Aquiles, filho de Peleu e da deusa Tétis, ao nascer, foi banhado por sua mãe nas águas do rio Estige para que o bebê se tornasse forte e indestrutível. Acontece que a deusa Tétis deixou de molhar o calcanhar de Aquiles nas águas, o que tornou essa parte do corpo do bebê vulnerável. Aquiles cresceu e passou a se destacar por sua velocidade e sua força, mas durante a guerra de Tróia, ele acabou sendo atingindo em seu calcanhar e foi derrotado.

Esse texto da um geral sobre a mitologia grega, depois irei publicar sobre a história de todos os deuses (Primordiais, Titãs, Olímpicos e deuses menores e dos heróis e das raças como górgonas, hecatonquiros entre outros.  

Uma Boa Leitura!!!

Bruno Mingrone


Mitologia grega 

Busto de Zeus
É o corpo de mitos e ensinamentos que pertencem à Grécia Antiga, sobre seus deuses e heróis, a natureza do mundo, as origens e o significado de seu próprio culto e práticas rituais. Era parte da religião na Grécia antiga. Estudiosos modernos referem-se e estudam os mitos na tentativa de lançar luz sobre as instituições políticas e religiosas da Grécia Antiga e sua civilização e assim ter uma compreensão da natureza da geração do mito em si.
É ainda o estudo dos conjuntos de narrativas relacionadas aos mitos dos gregos antigos, de seus significados e da relação entre eles e os povos — consideradas, com o advento do cristianismo, como meras ficções alegóricas. Para muitos estudiosos modernos, contudo, entender os mitos gregos é o mesmo que lançar luz sobre a compreensão da sociedade grega antiga e seu comportamento, bem como suas práticas ritualísticas. 
Achados arqueológicos fornecem a principal fonte de detalhes sobre a mitologia grega, já que deuses e heróis têm grande destaque na decoração de muitos artefatos. Desenhos geométricos em cerâmica do século VIII a.C. retratam cenas do ciclo de Tróia, bem como as aventuras de Hércules. Nos seguintes períodos Arcaico, Clássico e Helenístico, Homero e várias outras cenas mitológicas aparecem, completando a evidência literária existente. Os mitos também estão preservados nos Hinos homéricos, em fragmentos de poemas do Ciclo Épico, na poesia lírica, no âmbito dos trabalhos das tragédias do século V a.C., nos escritos de poetas e eruditos do Período Helenístico e em outros documentos de poetas do Império Romano, como Plutarco e Pausânias.
A principal fonte para a pesquisa de detalhes sobre a mitologia grega são as evidências arqueológicas que descobrem e descobriram decorações e outros artefatos, como desenhos geométricos em cerâmica, datados do século VIII a.C., que retratam cenas do ciclo troiano e das aventuras de Hércules. Sucedendo os períodos Arcaico, Clássico e Helenístico, Homero e várias outras personalidades aparecem para completar as provas dessas existências literárias.
A mitologia grega tem uma extensa influência sobre a cultura, as artes e a literatura da civilização ocidental e permanece como parte da herança e da linguagem ocidental. Poetas e artistas desde os tempos antigos até o presente têm sua inspiração derivada da mitologia grega e têm descoberto significados contemporâneos e relevâncias em seus temas. 
Seu patrimônio também influi na ciência, como no caso dos nomes dados aos planetas do Sistema Solar e em estudos teóricos, acadêmicos, psicanalíticos, antropológicos e muitos outros.

Termo e Compreensão 

Num contexto acadêmico, a palavra "mito" significa basicamente qualquer narrativa sacra e tradicional, seja verdadeira ou falsa. O sufixo "-logia", derivado do radical grego "logos", representa um campo de estudo sobre um assunto em particular. Com a junção de ambos os termos, "mitologia grega" seria, basicamente, o estudo dos mitos gregos, ou seja, os que fazem parte da cultura da Grécia.2 Sendo assim, o termo não só alude ao estudo dos mitos como também aos próprios mitos. Como escreve o professor e escritor português Carlos Ceia, "termo de dupla significação, indica, por um lado, o conjunto dos mitos ou narrativas míticas relativas a seres sobrenaturais, fantásticos ou de valor super humano e, por outro lado, o estudo ou interpretação dos mitos."

É um termo crítico moderno e, portanto, os próprios gregos e romanos antigos não se referiam a suas crenças como "mitos" ou "mitologia", mas como religião (ver capítulo Interpretação), o que ainda hoje em dia ocorre com os neopaganistas helênicos, embora estes vivam um acontecimento moderno diferente de resgate e preservação e mesmo certos grupos de adeptos entendam o papel dos mitos como arquétipos ou símbolos (ver seção Neopaganismo e resgate).

Mito e Sociedade

A mitologia grega era assunto principal nas aprendizagens das crianças da Grécia Antiga, como meio de orientá-las no entendimento de fenômenos naturais e em outros acontecimentos que ocorriam sem o intermédio dos homens. Os gregos antigos atribuíam a cada fenômeno natural uma criatura ou um deus diferente. Certos estudiosos modernos dizem que, quando passaram a inventar meios de calcular o tempo e quando criaram mecanismos de datação como o calendário, seus mitos declinaram (ver seção Declínio logo abaixo). Os poetas atribuíam esses estados térmicos, como também as relações e as características humanas, aos deuses e a outras histórias lendárias, e elas serviram durante um bom tempo como cultos ritualísticos na sociedade da Grécia antiga.

Além das crianças serem educadas através dos mitos, as famílias aristocráticas da Grécia, assim como os reis, e também profissionais, como os médicos, possuíam a tradição de se ligarem genealogicamente a antepassados míticos, geralmente divinos, ou até mesmo heróicos. Os comerciantes também cultuavam deuses, como Hermes, sempre em tentativa de deixá-lo satisfeito e assim conseguir bons resultados em suas vendas. Além de serem habituados aos sacrifícios de animais e às orações, os gregos antigos adotavam um deus particular ou um grupo deles para sua cidade, e os cidadãos construíam templos e o(s) venerava(m). Essas cidades não possuíam qualquer organização religiosa oficial, mas honravam os deuses em lugares determinados, como Apolo exclusivamente em Delfos.

Muitos festivais religiosos eram realizados na Grécia antiga. Alguns eram especificadamente dedicados a uma deidade particular ou cidade-estado. A Lupercalia, por exemplo, era comemorada na Arcádia e dedicada à pastoral Pã. Existiam também os jogos que eram realizados anualmente em locais diferentes, e que culminaram nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, realizados a quatro anos e dedicados a Zeus. Os gregos, frequentemente, encontravam desígnios dos deuses em muitas características da natureza. Os adivinhos, por exemplo, acreditavam haver mensagens divinas contidas no vôo das aves e nos sonhos. Nas cidades, os oráculos — locais sagrados — eram usados por um sacerdote que, tomado por êxtase ou loucura divina, servia de intermédio entre o diálogo de um fiel e seu deus de adoração.

Nas primeiras eras em que a recente filosofia vivia ao lado da tradicional mitologia, para o povo grego a sabedoria plena e completa pertencia aos deuses, mas os homens poderiam desejá-la e amá-la, tornando-se filósofos (philo= amizade, amor fraterno, respeito; sophia= sabedoria)

Mito e Religião

É preciso haver um esclarecimento acerca da diferença entre mito e religião. Hoje, todas as mitologias de todos os povos são entendidas como um conjunto de crenças enraizadas em relatos modernamente tidos como fictícios e imaginados pelos poetas, enquanto a religião propõe-se a criar rituais ou práticas com a finalidade de estabelecer vínculos com a espiritualidade. "Mitologia" é um termo indiscutivelmente técnico e moderno e nunca utilizado pelos próprios gregos ou romanos. Seus cultos compreendiam uma religião politeísta da qual os especialistas de hoje agrupam no que se chama "mitologia grega", analisando as narrativas poéticas como legados da literatura antiga, ao passo que os próprios gregos, sobretudo antes da fama da filosofia, acreditavam serem reais. Pode-se dizer que "mito" é todo o conjunto que nós compreendemos hoje o que em suas épocas os gregos chamavam "religião".

Concepção de um templo grego, onde se reverenciavam os deuses: muitas dessas obras arquitetônicas da Grécia ainda estão preservadas no território do país.
Para ficar mais claro, podemos dizer que os textos sacros dos gregos são o que chamamos agora de mitologia ou literatura da Grécia antiga. A Teogonia e Os Trabalhos e os Dias de Hesíodo, a Ilíada e a Odisseia de Homero e as Odes de Píndaro estão entre as obras que os gregos consideravam sacros. Estes são os principais textos que foram considerados inspirados pelos deuses e geralmente incluem no prólogo uma invocação às Musas para que elas auxiliem o trabalho do poeta.

Os gregos faziam cultos os deuses do Olimpo, realizados em templos comuns ou em altares e, também, culto aos heróis históricos, realizados em suas respectivas tumbas. Dedicados a um deus ou a um herói, os templos, decorados com esculturas (de deuses ou heróis) em relevo entre o teto e o topo das colunas, eram constituídos de pedras nobres como o mármore, usadas no alto da acrópole. Os antigos teatros gregos, também, eram construídos para determinada figura mitológica, deuses ou heróis, como o teatro de Dioniso no Santuário de Apolo em Delfos.

Além da religião ter sido praticada através de festivais, nela se acreditava que os deuses interferiam diretamente nos assuntos humanos e que era necessário acalmá-los por meio de sacrifícios. Estes rituais de sacrifício desempenharam um papel importante na formação da relação entre o homem e o divino. Um dos conceitos mais importantes quanto à moral para os gregos era o medo de cometer húbris (arrogância), o que constitui muitas coisas, do estupro à profanação de um cadáver.

Classificação

A gama de personagens, seres e ambientes que formam a mitologia grega podem ser separados em três partes, sendo a última um apêndice para a literatura mitológica, de onde conseguimos grande parte das informações sobre os mitos:

1. Raças, divindades, criaturas; personagens em geral, que abrange os ventos, centauros, ctónicos, ciclopes, dragões, erínias, gigantes, górgonas, hecatônquiros, harpia, musas, moiras, mortais, ninfas, deuses olímpicos, deuses primordiais, sátiros e titãs.
1 a. Aqui também são incluídos os heróis Héracles, Aquiles, Odisseu, Jasão, Argonautas, Perseu, Édipo, Teseu e Triptolemos.
2. Lugares, que abrange os ambientes em que essas figuras, na imaginação dos gregos, viveram suas aventuras, que são Delfos, Delos, Olímpia, Hades (reino), Atlântida, Olimpo, Troia, e Temiscira.

História

A origem dos mitos da Grécia não deriva puramente da civilização grega, mas de uma mistura entre a cultura dos indo-europeus, pré-gregos, e até mesmo dos asiáticos, egípcios e outros povos com as quais os gregos estabeleceram contato.

Um dos fatores de evolução da mitologia grega foi a grande transformação que ela experimentou através dos tempos, e tal transformação serviu para enriquecer sua própria cultura. Os primeiros habitantes da Península Balcânica, em grande parte agricultores, atribuíam a cada aspecto da natureza um espírito. Finalmente, estes espíritos vagos assumiram a forma humana e entraram na mitologia local como deuses e deusas.40 Quando as tribos do norte invadiram a Península Balcânica, trouxeram consigo um novo panteão de deuses e crenças, voltadas à conquista, à força e à valentia, à batalha e ao heroísmo violento. Outras divindades mais antigas que povoavam a mente dos habitantes agrícolas se fundiram com aquelas dos invasores mais poderosos, ou então desvaneceram-se na insignificância.

A mais alta montanha da Grécia, o Monte Olimpo, em foto de 2005, onde os gregos antigos acreditavam ser a morada dos Doze Deuses.
Após a metade do período arcaico, que possuía mitos sobre as relações entre homens e deuses masculinos, os heróis tornaram-se cada vez mais aclamados, indicando o desenvolvimento paralelo da pederastia pedagógica, que pensa-se ter sido introduzido por volta de 630 a.C. Nos finais do século V a.C, os poetas haviam atribuído pelo menos um eromenos a todos os deuses importantes, exceto Ares e outras figuras lendárias. Outros mitos anteriormente existentes, como o de Aquiles e o de Pátroclo, foram reinterpretadas como mitologia homossexual.

O sentido da poesia épica foi criar ciclos históricos, e resultar num desenvolvimento de um senso da cronologia mitológica; assim, a mitologia grega desdobra-se como uma etapa no desenvolvimento do mundo e do homem.45 As auto-contradições nas histórias fazem com que seja impossível montar um cronograma absoluto a respeito da Mitologia grega, mas podemos elaborar uma cronologia concordável. A história mitológica do mundo pode ser dividida em 3 ou 4 grandes períodos:

1. Mito da origem ou da era dos deuses: é a teogonia, o nascimento dos deuses, os mitos sobre a origem do planeta, dos deuses e da raça humana.
2. Era em que os homens e os deuses se mesclam livremente: histórias das primeiras interações entre deuses, semi-deuses e mortais juntos.
3. Era dos heróis (era heróica), onde a atividade divina ficou mais limitada. As últimas e maiores lendas heróicas são da Guerra de Troia e suas consequências (consideradas por alguns investigadores como um quarto período separado).46
Embora a Era dos deuses tem sido frequentemente alvo de interesse pelos alunos contemporâneos da mitologia grega, os autores arcaicos e clássicos possuíam uma clara preferência pela Era dos heróis. As heróicas Ilíada e Odisseia, por exemplo, estavam e ainda se encontram atualmente sobre maior destaque que a Teogonia e que os hinos homéricos – e prevaleceram em popularidade e continuidade. Sob a influência de Homero, o culto heróico conduziu uma reestruturação na vida espiritual, expresso na separação entre o reino dos deuses do reino dos mortos (heróis), e dos deuses olímpicos dos ctónicos.47 No O Trabalho e Os Dias, Hesíodo monta um esquema de quatro Era dos homens (ou Raças): de Ouro, de Prata, de Bronze e de Ferro. Estas raças ou eras são criações separadas dos mitos dos deuses, correspondendo à Era Dourada ao reino de Cronos e sendo as seguintes raças criações de Zeus. Hesíodo intercalou a Era (ou Raça) dos heróis pouco depois da Idade do Bronze. A ultima idade foi a Idade do Ferro. Em Metamorfoses, Ovídio segue o conceito de Hesíodo e apresenta essas quatro idades.

A Era dos Deuses

"Mitos de origem" ou "mitos de criação", na mitologia grega, são termos alusivos à intenção de fazer com que o universo torne-se compreensível e com que a origem do mundo seja explicada. Além de ser o mais famoso, o relato mais coerente e mais bem estruturado sobre o começo das coisas, a Teogonia de Hesíodo também é visto como didático, onde tudo se inicia com o Caos: o vazio primitivo e escuro que precede toda a existência.48 Dele, surge Gaia (a Terra), e outros seres divinos primordiais: Eros (atração amorosa), Tártaro (escuridão primeva) e Érebo.48 Sem intermédio masculino, Gaia deu à luz Urano, que então a fertilizou. Dessa união entre Gaia e Urano, nasceram primeiramente os Titãs: seis homens e seis mulheres (Oceano, Céos, Crio, Hiperião, Jápeto, Teia (mitologia) e Reia, Têmis, Mnemosine, Febe, Tétis e Cronos); e logo os Ciclopes de um só olho e os Hecatônquiros (ou Centimanos). Contudo, Urano, embora tenha gerado estas divindades poderosas, não as permitiu de sair do interior de Gaia e elas permaneceram obedientes ao pai. Somente Cronos, "o mais jovem, de pensamentos tortuosos e o mais terrível dos filhos", castrou o seu pai–com uma foice produzida das entranhas da mãe Gaia–e lançou seus genitais no mar, libertando, assim, todos os irmãos presos no interior da mãe. A situação final foi que Urano não procriou novamente, mas o esperma que caiu de seus genitais cortados produziu a deusa Afrodite, saída de uma espuma da água, ao mesmo tempo que o sangue de sua ferida gerou as Ninfas Melíades, as Erínias e os Gigantes, quando atingiu a terra. Sem a interferência do pai, Cronos tornou-se o rei dos titãs com sua irmã e esposa Reia como cônjuge e os outros Titãs como sua corte.

O pensamento antigo grego considerava a teogonia–que engloba a cosmogonia e a cosmologia, temas desssa subseção–como o protótipo do gênero poético e lhe atribuía poderes quase mágicos. Por exemplo: Orfeu, o poeta e músico da mitologia grega, proclamava e cantava as teogonias com o intuito de acalmar ondas e tormentas–como consta no poema épico Os Argonautas, de Apolónio de Rodes–e também para acalmar os corações frios dos deuses do mundo inferior, quando descia à Hades. A importância da teogonia encontra-se também no Hino Homérico à Hermes, quando Hermes inventa a lira e a primeira coisa que faz com o instrumento em mãos é cantar o nascimento dos deuses.

Cronos Mutilando Urano, por Giorgio Vasari e Gherardi Christofano (século XVI). Palazzo Vecchio, Florença.
Contudo, a Teogonia não é somente o único e mais completo tratado da mitologia grega que se conservou até nossos dias, mas também o relato mais completo no que diz respeito a função arcaica dos poetas, com sua larga invocação preliminar das Musas. Foi também tema de muitos poemas perdidos, incluindo os atribuídos à Orfeu, Museu, Epimênides, Ábaris e outros profetas legendários, cujos versos costumavam ser usados em rituais privados de purificação e em religião de mistérios. Inclusive, há indícios de que Platão se familirizou com alguma versão da teogonia órfica. Poucos fragmentos dessas obras sobreviveram em citações de filósofos neoplatonistas e em fragmentos recentemente desenterrados, escritos em papiro. Um desses documentos, o papiro de Derveni, demonstra atualmente que pelo menos no século V a. C. existiu um poema teogônico-cosmogônico de Orfeu. Este poema tentou superar a Teogonia de Hesíodo e a genealogia dos deuses se ampliou com o surgimento de Nix (a Noite), marcando um começo definitivo que havia surgido antes dos seres Urano, Cronos e Zeus.

Deuses Gregos

Quando Cronos tomou o lugar de Urano, tornou-se tão perverso quanto o pai. Com sua irmã Reia, procriou os primeiros deuses olímpicos (Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posidão e Zeus), mas logo os devorou enquanto nasciam, pelo medo de que um deles o destronasse. Mas Zeus, o filho mais novo, com a ajuda da mãe, conseguiu escapar do destino. A mãe, pegou uma pedra, enrolou-a em um tecido e deu a Cronos, que comeu-a, pensando que fosse Zeus. O filho travou uma guerra contra seu progenitor, cujo vencedor ganharia o trono dos deuses. Ao final, com a força dos Cíclopes–a quem libertou do Tártaro–Zeus venceu e condenou Cronos e os outros Titãs na prisão do Tártaro, depois de obrigar o pai a vomitar seus irmãos.50 Para a mitologia clássica, depois dessa destituição dos Titãs, um novo panteão de deuses e deusas surgiu. Entre os principais deuses gregos estavam os olímpicos- cuja limitação de seu número para doze parece ter sido uma ideia moderna, e não antiga57 - que residiam no Olimpo abaixo dos olhos de Zeus. Nesta fase, os olímpicos não eram os únicos deuses que os gregos adoravam: existiam uma variedade de divindades rupestres, como o deus-bode Pã, o deus da natureza e florestas, as ninfas— Náiades (que moravam nas nascentes), Dríades (espíritos das árvores) e as Nereidas (que habitavam o mar) —, deuses de rios, Sátiros, meio homem, meio bode, e outras divindades que residiam em florestas, bosques e mares. Além dessas criaturas, existiam no imaginário grego seres como as Erínias (ou Fúrias) (que habitavam o submundo), cuja função era perseguir os culpados de homicídio, má conduta familiar, heresia ou perjúrio.

Olimpo (século XVIII), de Giovanni Battista Tiepolo (Museo del Prado, Madrid).
Para honrar o antigo panteão grego, compôs-se os famosos hinos homéricos (conjunto de 33 canções).33 Alguns estudiosos, como Gregory Nagy, consideram que os hinos homéricos são simples prelúdios, se comparado com a Teogonia, onde cada hino invoca um deus.59 No entanto, os deuses gregos, embora poderosos e dignos de homenagens como as presentes nestes hinos, eram essencialmente humanos (praticavam violência, possuíam ciúme, coléra, ódio e inveja, tinham grandezas e fraquezas humanas), embora fossem donos de corpos físicos ideais. De acordo com o estudioso Walter Burkert, a definição para essa característica do antropomorfismo grego é que "os deuses da Grécia são pessoas, e não abstrações, ideias ou conceitos".61 Independentemente de suas formas humanas, os deuses gregos tinham muitas habilidades fantásticas, sendo as mais importantes: ter a condição de ser imúne a doenças, feridas e ao tempo; ter a capacidade de se tornar invisível; viajar longas distâncias instantaneamente e falar através de seres humanos sem estes saberem. Os gregos consideravam a imortalidade — que era assegurada pela alimentação constante de ambrosia e pela ingestão de néctar — como a característica distintiva dos deuses.

Cada deus descende de uma genealogia própria, prossegue interesses próprios, tem uma certa área de especialização, e é regido por uma personalidade singular; no entanto, essas descrições surgem a partir de uma infinidade de locais arcaicos variantes, que não coincidem sempre com elas. Quando esses deuses eram aludidos na poesia, na oração ou em cultos, essas práticas eram realizadas mediante uma combinação de seus nomes e epítetos, que os identificavam por essas distinções do resto de suas próprias manifestações (e.x. Apolo Musageta era "Apolo, [como] chefe das Musas").

A maioria dos deuses foram associados a aspectos específicos de suas vidas: Afrodite, por exemplo, era deusa do amor e da beleza, Ares era deus da guerra, Hades o deus da morte e do inferno, e Atena a deusa da sabedoria, guerra e da coragem.63 Certos deuses, como Apolo (deus do sol) e Dioníso (deus da festa e do vinho), apresentam personalidades complexas e mais de uma função, enquanto outros, como Héstia e Hélio, revelam pequenas personificações. Os templos gregos mais impressionantes tendiam a estar dedicados a um número limitado de deuses, que foram o centro de grandes cultos panhelênicos. De maneira interessante, muitas regiões dedicavam seus cultos a deuses menos conhecidos e muitas cidades também honravam os deuses mais conhecidos com ritos locais característicos e lhes associavam mitos desconhecidos em outros lugares. Durante a era heróica — que veremos na próxima sub-seção — o culto dos heróis (ou semi-deuses) complementou a dos deuses e ambas as criaturas se fundiram no imaginário da Grécia.

Era dos Deuses e dos Mortais 

Unindo a idade em que os deuses viviam sós e a idade em que a interferência divina nos assuntos humanos era limitada, havia uma era de transição em que os deuses e os homens (mortais) se misturaram livremente. Estes foram os primeiros dias do mundo, quando os grupos se misturavam com mais liberdade do que fizeram depois. A maior parte das crenças dessas histórias foram reveladas posteriormente na obra Metamorfoses de Ovídio, e frequentemente são divididas em dois grupos temáticos: histórias de amor e histórias de castigo. Ambas histórias tratam do envolvimento dos deuses com os humanos, seja de uma forma ou de outra:

Os contos de amor muitas vezes envolvem incesto, sedução ou violação de uma mulher mortal por parte de um deus, resultando em uma descendência histórica. Essas histórias sugerem geralmente que as relações entre deuses e mortais precisam ser evitadas, sendo que raramente esses envolvimentos possuem finais felizes. Em poucos casos, uma divindade feminina procura um homem mortal e vive com ele, como no Hino Homérico à Afrodite, onde a deusa se relaciona com o príncipe Anquises e acaba concebendo o chefe troiano Eneias.

Os contos de castigo envolvem a apropriação ou invenção de algum artefato cultural importante, como quando Prometeu roubou o fogo dos deuses e quando ele ou Licaão inventou o sacríficio, quando Tântalo roubou o néctar e a ambrósia da mesa de Zeus e de seus súditos, revelando-lhes o segredo dos deuses, ou quando Deméter ensinou agricultura e os Mistérios de Elêusis a Triptolemos, ou quando Mársias inventou os aulos e, com ela, ingressou num concurso musical ao lado de Apolo. As aventuras de Prometeu marcam um ponto entre a história dos deuses e a dos homens. Um fragmento de papiro anônimado, datado do século III a.C., retrata vividamente o castigo que Dionísio aplicou a Licurgo, rei de Trácia, cujo reconhecimento de novos deuses chegou demasiado tarde, ocasionando horrivéis penalidades que se estenderam por toda vida.68 A história da chegada de Dionísio para estabelecer seu culto em Trácia foi também o tema de uma trilogia de peças dramáticas do poeta antigo Ésquilo: como em As Bacantes, onde o rei de Tébas, Penteu, é castigo por Dionísio por ter sido desrespeitoso com as Ménades, suas adoradoras.
Ainda no assunto de relação entre deuses e mortais, há um conto antigo baseado em um tema folclórico, onde Deméter está procurando por sua filha Perséfone, depois de ter tomado a forma de uma anciã chamada Doso e recebido hospitalidade de Celéu, o rei de Elêusis em Ática. Por causa de sua hospitalidade, Deméter planejou fazer imortal seu filho Demofonte, como um ato de agradecimento, mas não pôde completar o ritual porque a mãe de Demofonte, Metanira, entrou e viu seu filho rodeado de fogo, visão essa que lhe provocou, instantâneamente, um grito agudo, que enfureceu Deméter, cuja lamentação veio depois, ao refletir o fato de que os "estúpidos mortais não entendem práticas divinas"

Era Heróica

A idade em que os heróis viveram na mitologia grega é conhecida como Era heróica ou Idade heróica. A Era Heróica surgiu no Período Arcaico, quando os gregos imaginavam "heróis" (gr. ἥρωες; sg. ἥρως) como certos personagens de lendas épicas. Embora sujeitos à mortalidade, os heróis/semi-deuses se diferenciavam dos humanos pelo fato de serem capazes de façanhas impossíveis, talvez pelo fato de serem frutos de uma relação entre um mortal e um deus.

Após a ascensão do culto heróico, os deuses e os heróis constituíram a esfera sagrada e são invocados juntos nos juramentos e nas orações que são dirigidas a eles. Em contraste com a era dos deuses, durante a heróica a lista de heróis nunca é fixa e definitiva; já não nascem grandes deuses, mas sempre podem surgir novos heróis do exército dos mortos. Outra importante diferença entre o culto dos deuses e o dos heróis é que o segundo dos dois se torna o centro da identidade do grupo local.

Os eventos monumentais de Hércules são considerados o começo da era dos heróis. Também se anexam a eles três grandes sucessos militares: a expedição argonáutica e a Guerra de Troia, como também a Guerra de Tebas.

Herácles e os Heráclidas

Certos estudiosos acreditam que, por de trás das complexas histórias que envolvem o mito de Hércules (ou Herácles), existiu um homem verdadeiro, talvez um senhor de vassalos em Argos. Outros sugerem que o mito de Hércules é uma alegoria da passagem anual do sol pelas doze constelações do zodíaco. Existe um terceiro grupo que acredita que o mito deriva de outras culturas, revelando que a história de Hércules é uma adaptação regional de mitos heróicos já estabelecidos anteriormente. Embora a existência de todas essas e muitas outras especulações, a tradição afirma que Hércules foi filho de Zeus com a mortal Alcmena, neta de Perseu. Suas fantásticas façanhas, que envolvem diversos temas folclóricos, proporcionaram muito material às lendas populares. É retratado como um sacrificador, um guerreiro dotado de imenso vigor físico, com força e proezas maravilhosas, protegido por armaduras e itens das quais utilizava com destreza, demonstrando superioridade às habilidades do homem mortal comum. Quanto à iconografia, nas artes visuais — pelo menos no período arcaico — Hércules sempre fora apresentado com barba, pele de leão e clava nas mãos, com grandes músculos expostos nas pernas e nos braços. Já no século IV, a popularidade do herói decresceu e, talvez um pouco por isso, suas características humanas foram reforçadas mais do que as heróicas, e passou a ser representado sem barba e frequentemente sem armas de combate.

Na literatura, Eurípedes escreveu a peça trágica Hércules (ou Hércules Enlouquecido, Hércules Furioso), onde explora o mito do herói, revelando sua conturbada existência, e sua vontade de cometer suicídio, mas que logo é encorajado a viver pelo amigo e rei de Atenas, Teseu. Na peça As Traquinianas, Hércules aparece aqui através da escrita de Sófocles. Esses dois textos da Grécia antiga, resguardados até os dias atuais, nos conferiram detalhes preciosos acerca dos mitos sobre o herói mais popular e interessante da mitologia grega.

Hércules atingiu o mais alto prestígio social através de sua nomeação como ancestro oficial dos reis dóricos. Isto serviu provavelmente como legitimação para as invasões dóricas no Peloponeso. Um exemplo disto é o herói mitológico Hilo, epônimo de uma tribo dórica, que se converteu em Heráclida (nome que recebiam os numerosos descendentes de Hércules, especialmente os descendentes de Hilo — outros Heráclidas existentes são Macária, Lamos, Manto, Tlepólemo e Télefo). Estes Heráclidas conquistaram os reinos peloponesos de Micenas, Esparta e Argos, alegando, segundo o mito, o direito de governá-los devido sua ascendência. A ascensão dos Heráclidas é muitas vezes denominada "Invasão Dórica" (ver artigo). Um fato interessante é que os reis lídios e, posteriormente, os reis macedôniso — como governantes de um mesmo reino — também passaram a ser Heráclidas.

Embora Hércules tenha morrido, como é destino de todo mortal, por conta de seu lado humano (derivado da mãe Alcmena), alguns gregos — especialmente Píndaro, que o chamava de "herói-deus" — acreditavam que, por conta de seu lado divino (advindo da descendência de Zeus), ele subiu ao Olimpo e tornou-se um deus. Sua figura lendária, portanto, permeou durante algum tempo uma simbologia voltada à terra, aos heróis, ao homem mortal, mas também atencionada ao céu, aos deuses, ao divino, ao perfeito, ao ideal. Essa figura mista que Hércules apresenta, em que o lado mortal e o lado divino se confundem, era muito reforçada em diversos cultos e sacrifícios realizados em Creta, onde os gregos ofereciam-lhe sacrifícios duplos, primeiramente como herói e, somente depois, como um ser divino.

Além das façanhas heróicas de Hércules, outros membros dessa primeira geração de heróis, como Perseu, Teseu, Deucalião e Belerofonte, realizaram feitos muito semelhantes a ele, sempre realizando-os solitariamente, sem nenhuma outra ajuda, o que aconteceu quando enfrentaram monstros como Quimera e Medusa em mitos que beiram à contos de fadas (esses combates solitários só apresentam ainda mais a capacidade sobrehumana dessas personagens). Enviar um herói a uma morte presumida é um tema frequente nesta primeira tradição heróica, como acontece nas lendas de Perseu e de Belerofonte.

Argonautas

Único épico helenístico conservado até os dias atuais, Argonautica, de Apolônio de Rodes, narra o mito da jornada de Jasão e os Argonautas para recuperarem o Velo de Ouro da mítica terra de Cólquida. Em Argonautica, Jasão é impelido à sua busca pelo rei Pélias, que havia recebido uma profecia onde um homem de sandálias se tornaria seu nêmesis. Jasão perde uma sandália em um rio da região, chegando na corte de Pélias e iniciando, assim, a epopeia. Quase todos os membros da seguinte geração de heróis, assim como Hércules, partiram com Jasão ao Argo para buscar o velo de ouro. Essa geração de heróis também inclui: o mito de Teseu, que partiu à Creta para enfrentar o Minotauro; Atalanta, a heroína feminina, Meleagro, que por sua vez tinha um ciclo épico que rivalizava com a Ilíada e a Odisseia, Idas, que lutou contra Apolo por Marpessa, os filhos de Boreas: Zeto e Calais, que desempenharam um importante papel na ilha de Fineu e na luta contra os Cinocéfalos, Laerte, pai de Ulisses e também Peleu, pai de Aquiles.

Píndaro, Apolônio e Apolodoro se esforçaram em dar listas detalhadas sobre os Argonautas.88 Embora Apolônio tenha escrito seu poema no século III a.C, a composição da história dos argonautas é anterior à Odisseia, que demonstra familiaridades com os enredos de Jasão.89 90 Em épocas antigas, a expedição mítica era considerada como um fato histórico, um incidente na abertura do Mar Negro ao comércio e à colonização grega.89 Também tornou-se muito popular, cuja função vai desde a criação de novas lendas locais à inspiração de diversas tragédias gregas.

Casa de Atreu e CicloTebano

Entre o Argo (capítulo anterior) e a Guerra de Troia (capítulo seguinte), houve uma geração conhecida por seus crimes. Isto inclui os feitos de Atreu e Tiestes em Argos. Atrás do mito da casa de Atreu (uma das principais dinastias heróicas juntamente com a Casa de Lábdaco), está o problema da devolução do poder e a forma de ascensão do trono. Os gêmeos Atreu e Tiéstes com seus descendentes desempenharam o papel de protagonistas na tragédia acerca da devolução de poder em Micenas.

O Ciclo Tebano trata dos sucessos associados especialmente à Cadmo, o fundador da cidade de Tebas, e, posteriormente, com os feitos de Laio e Édipo na mesma região; uma série de histórias que levaram ao saqueio final da cidade a mando dos Epigonis e d'Os Sete Contra Tebas (não se sabe se estes figuraram no épico original). Acerca de Édipo, os antigos relatos épicos têm seguido um padrão diferente (no qual ele continuou governando Tebas depois da revelação de que Jocasta era sua mãe e também posteriormente ao seu casamento com uma mulher que se converteu em mãe de seus filhos) do que conhecemos graças às tragédias — especialmente a mais famosa do assunto, Édipo Rei, de Sófocles — e aos relatos mitológicos posteriores a este texto antigo.

Guerra de Troia e Consequências

A mitologia grega culmina na Guerra de Troia, a famosa luta entre os gregos e os troianos, incluindo suas causas e consequências. Nos trabalhos homéricos, as principais histórias já haviam tomado forma e substância, e os temas individuais foram elaborados mais tarde, especialmente dentro dos enredos dos dramas gregos. A Guerra de Troia adquiriu também um grande interesse para a cultura romana por conta das histórias de Enéas, herói troiano, cuja jornada à Troia levou a fundação da cidade que um dia se converteria em Roma, e é recontada por Vírgilio em Eneida (cujo Livro II contém o relato mais famoso do saqueio de Troia).

O Ciclo da Guerra de Troia, uma coleção de poemas épicos, começa com os sucessos que levaram a guerra: Éris e a maçã de ouro, o julgamento de Páris, o rapto de Helena, e o sacríficio de Ifigénia em Aulis. Para resgatar Helena, os gregos organizaram uma grande expedição abaixo do mando do irmão de Menelau, Agamemnon, rei de Argos ou de Micenas, mas os troianos não quiseram libertá-la. A Ilíada, que se desenrola no décimo ano da guerra, narra em uma de suas páginas o combate entre Agamemnon com Aquiles, que era até então o melhor guerreiro da Grécia, e também narra as consequências da morte de Pátroclo (amigo de Aquiles) e de Heitor, filho mais velho de Príamo. Antes da morte, se uniram aos troianos dois exóticos aliados: Pentesileia e Memnon.

Aquiles matou ambos, até Páris atingir seu calcanhar mortalmente com uma flecha (daí a expressão Calcanhar de Aquiles; para mais informações, veja o artigo do guerreiro). Antes de tomar Troia, os gregos tiveram que roubar da cidadela a imagem de madeira de Palas Atenas. Finalmente, com a ajuda de Atenas, eles construíram o Cavalo de Troia. Apesar das advertências de Cassandra (filha de Príamo), os gregos foram convencidos por Sinon — grego que, fingindo sua argumentação, conseguiu levar o gigantesco cavalo para dentro das muralhas de Atenas. O sacerdote Laocoonte tentou destruir o cavalo, mas acabou sendo impedido por serpentes marinhas que, com suas forças, o mataram. Ao anoitecer, a frota grega regressou e os guerreiros do cavalo abriram as portas da cidade.

O Ciclo Troiano proporcionou uma variedade de temas e se converteu em fonte principal de inspiração para os antigos artistas gregos (por exemplo, as métopas de Partenon representando o saqueio de Troia). Essa preferência artística pelos temas procedentes do ciclo troiano nos indica sua importância para a antiga civilização grega.94 O mesmo ciclo mitológico, posteriormente, também inspirou uma série de obras literárias da Europa. Os escritores europeus medievais troianos, desconhecedores da obra de Homero, encontraram na lenda de Troia uma rica fonte de histórias heróicas e românticas e um marco que encorajou seus próprios ideais cortesãos e cavalarescos. Alguns autores do século XII, como Benoît de Sainte-Maure (em seu Poema de Troia) e José Iscano (em seu De bello troiano), descrevem a guerra simplesmente reescrevendo a versão padrão que encontraram em Dictis e Dares, seguindo o conselho de Horácio e o exemplo de Virgílio: reescrever um poema de Troia com veracidade, em lugar de contar algo completamente novo.




Texto e Imagem retirado da wikipédia; 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia_grega

Vídeo retirado do Youtube; http://youtu.be/VWVLnBjIvNI






quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Segunda Guerra Médica: As batalhas de Termópilas, Salamina e Plateia


Olá Pessoal,

Hoje vamos falar sobre a Segunda Guerra Médica, que ocorreu 10 anos após a primeira guerra e onde ocorreu a famosa batalha de Termópilas.

Os espartanos ainda se lamentavam de não terem participado da vitória em Maratona, agora estavam prontos para a guerra. Se Atenas era o berço cultural e social da Grécia, Esparta era o berço da guerra.

As estratégias usadas nessas batalhas, e o modo como os gregos venceram os persas com um exército muito menor são estudadas até os dias de hoje em diversas acadêmias militares em todo o mundo. 

Uma boa leitura à todos!
Bruno Mingrone


Segunda Guerra Médica: As batalhas de Termópilas, Salamina e Plateia

Depois da vitória grega na batalha de Maratona, uma trégua de 10 anos permitiu que os atenienses organizassem sua marinha de guerra. Ao mesmo tempo, na Pérsia,Xerxes 1o(sucessor de Dario 1o) estava decidido a continuar a campanha militar contra a Grécia. Conta-se que Xerxes mantinha ao seu lado um escravo que o tempo todo lhe falava: "Senhor, lembra-te dos atenienses".

Xerxes mandou construir uma ponte no Helesponto (atual Estreito de Dardanelos), que tinha como "fundação" trirremes (embarcações da época), para possibilitar a passagem de suas tropas. Quando a notícia de tamanha proeza chegou à Grécia, as cidades do norte se renderam e passaram a compor, como símbolo de submissão, o exército persa. Mas, pelo mesmo motivo, outras cidades decidiram montar um bloqueio militar ao sul da região da Tessália.

Os persas invadiram a Grécia e mantiveram sua rota próxima ao mar, para garantir abastecimento e apoio em combate. Quando chegaram em Termópilas, um estreito desfiladeiro de 15 metros de largura, encontraram uma das mais preparadas forças militares gregas: as falanges de Esparta.

Termópilas

 
Estátua de Leônidas I
na Esparta atual.
Os espartanos, que se lamentavam por não terem participado da grandiosa vitória em Maratona, se comprometeram a defender o restante das cidades gregas e marcharam ao encontro do exército persa. Leônidas, um dos dois reis espartanos, com sua guarda pessoal composta por 300 homens, e com o apoio de mais de 6 mil gregos, aguardava os persas numa situação geográfica que lhes dava ampla vantagem: no meio do desfiladeiro de Termópilas o pequeno número de gregos poderia suportar o imenso exército persa.

Xerxes esperou quatro dias pela chegada da cavalaria e da infantaria pesada da Pérsia. Nesse meio tempo enviou um mensageiro para convencer o general Leônidas a entregar suas armas. A resposta do espartano foi: "Venham buscá-las".

No quinto ou sexto dia, Xerxes ordenou o ataque. Acredita-se que 10 mil soldados da Pérsia morreram no primeiro dia de combate, sem causar danos substanciais aos gregos. Até que um traidor grego, Efialtes, ensinou aos persas um caminho através das montanhas que levaria até o outro lado do desfiladeiro.

Informado sobre essa manobra, Leônidas ordenou que a maior parte dos gregos voltasse para um lugar seguro, enquanto ele, seus 300 espartanos e mais um grupo selecionado de aliados, totalizando em torno de 2 mil homens, ficaram para enfrentar o exército inimigo. Leônidas teria dito antes de iniciar a batalha final: "Almoçamos aqui, jantamos no Hades" (Hades é a terra dos mortos na cultura grega).
                          

                                           Trailer do filme 300

A batalha de Termópilas (agosto de 480 a.C.) foi a única derrota grega durante as Guerras Médicas, que transformou seus bravos soldados em lenda para toda a história. Os persas exterminaram até o último grego e decapitaram Leônidas. Tal resistência dos espartanos resultou em inúmeros benefícios para a Grécia: Temístocles, arconte ateniense, mobilizou rapidamente a marinha grega e ordenou a evacuação de Atenas.

Salamina

Poucos dias após a derrota em Termópilas, um vendaval afundou um número considerável de embarcações persas, o que possibilitou aos gregos a vitória sobre a marinha inimiga na batalha de Artemisium (agosto de 480 a.C.).

Xerxes avançou pela Grécia, tomando e incendiando Atenas. Temístocles estava decidido a tentar uma estratégia para reconquistar sua pólis: atrair a marinha persa para um estreito canal, de 2 km de largura, entre a ilha de Salamina e o continente e, assim poder vencer a armada inimiga. Os espartanos resistiram em aceitar tal plano, pois queriam uma fortificação no istmo de Corinto, que defenderia o Peloponeso (sul da Grécia).

Heródoto narra um discurso de Temístocles:

"Se vocês enfrentarem o inimigo no istmo, lutarão em águas abertas, o que será uma enorme desvantagem para nós, já que nossos navios (...) estão em menor número. Além disso, perderíamos Salamina, Megara e Égina, mesmo que fossemos vitoriosos ali".

Os espartanos foram convencidos. Temístocles enviou secretamente um escravo de confiança até Xerxes, que fez com os persas acreditassem que a marinha grega estava amedrontada, pronta para fugir. Xerxes mordeu a isca e avançou para Salamina.

Estima-se que 360 embarcações gregas enfrentaram mais de 600 embarcações persas na batalha de Salamina (setembro de 480 a.C.), considerada a mais mortal das batalhas navais travadas na história. A armada persa não tinha espaço para se locomover, enquanto os gregos manobravam rapidamente e atacavam os persas com seus aríetes. E como Xerxes acreditava que várias embarcações gregas bateriam em retirada, ordenou que a experiente armada egípcia esperasse ao longe, o que piorou em muito sua situação.

Depois de oito horas de combate, o mar estava coberto por destroços de navios e corpos lacerados. Calcula-se que 40 mil homens, 1/3 dos marinheiros persas, morreram afogados. Xerxes, que assistiu sua derrota sentado num trono próximo a água, poucos dias depois voltou a Pérsia, deixando Mardônio responsável pela retirada de suas tropas para a Tessália, de modo a ali se reorganizar e tentar nova investida contra os gregos no ano seguinte.

Mardônio se refugiou na Tessália e em poucos meses marchou novamente em direção ao sul, acampando em Plateia, na Boécia, com seus 250 mil homens. Do outro lado, sob a liderança de Pausânias, general espartano, e Aristides, general ateniense, 70 mil gregos montaram acampamento próximo aos persas. E por vários dias esperaram o combate.

Plateia

Dessa vez o território era aberto e os gregos não poderiam contar com proteções naturais como tinham feito nas outras batalhas. Mas os persas também estavam em desvantagem: seus melhores homens tinham morrido em Salamina e não poderiam contar com nenhum tipo auxílio, por mar ou por terra.

A batalha de Plateia (julho de 479 a.C.) iniciou-se quando Mardônio ordenou o ataque, pois acreditou que uma das falanges gregas estava se retirando, quando na realidade estava somente fazendo uma mudança de posição. Pausânias, militar dos mais brilhantes, comandando o maior contingente militar que a Grécia reuniu em toda sua história, aniquilou os inimigos.

Os espartanos atacaram impiedosamente os persas: 50 mil homens do exército persa foram mortos no local, inclusive o próprio Mardônio, enquanto o restante bateu em retirada, morrendo outros milhares durante a fuga.

Logo em seguida navios gregos partiram em direção a Ásia Menor. Em agosto aconteceu a batalha de Micale, na qual os gregos destruíram a armada persa e libertaram as cidades jônicas, pondo fim a ameaça do Império Persa sobre os gregos.

Xerxes desistiu de seus planos imperialistas sobre o Ocidente. O pequeno contingente militar grego venceu o imenso exército formado por vários povos submetidos aos persas. As Guerras Médicas entraram para a história militar exatamente por que a vitória grega parecia impossível. A determinação política e militar deu ao exército grego sua unidade e seu motivo para o combate.

Mas foi a forma extremamente violenta de os gregos travarem seus combates que lhes rendeu a vitória final. Um banho de sangue marcou a derrota da Pérsia. E essa maneira de combater, a "batalha decisiva", serve de modelo aos exércitos do mundo, até os dias de hoje.

Texto escrito pela historiadora Érica Turci para o site Uol Educação;

Imagem retirada da Wikipédia;

Vídeo retirado do Youtube;
http://youtu.be/WorI5HPWbpg


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Primeira Guerra Médica: A batalha de Maratona

Olá Pessoal,

Um dos temas que mais gosto da História Antiga é sobre a Grécia Antiga, berço da civilização ocidental. Sua história, cultura e arte influenciaram e muito todo o mundo ocidental.

Hoje vamos falar sobre as Guerras Médicas, mais especificamente sobre a Primeira Guerra Médica, conflito armado travado entre os Gregos e os Persas então governado por Ciro o Grande (576 a.C - 530 a.C).

Foi durante as Guerras Médicas que foram travadas as famosas batalhas de Maratona (onde o grego Filipédes correu de Maratona até Atenas para avisar aos gregos sobre a vitória, fato que inspirou a Maratona moderna) e de Termópilas entre os Espartanos comandados por Leônidas que inspirou o famoso filme "300".

Bom, agora é só conferir essa matéria.

Uma Boa Leitura,

Bruno Mingrone



Primeira Guerra Médica: A batalha de Maratona

Império Persa em 490 a.C no ínicio
da Primeira Guerra Médica
Atenas foi uma das mais importantes cidades-Estado da Grécia Antiga. Fundada pelos jônios, se localizava na Ática, região difícil para a agricultura que, no entanto, contava com excelentes portos naturais no litoral do mar Egeu, o que levou os atenienses a desenvolver o comércio marítimo e a fundar diversas colônias, sendo as mais prósperas as cidades jônicas na Anatólia, na Ásia Menor (atual Turquia).

Essas colônias gregas se desenvolveram rapidamente e, gozando de ampla liberdade entre os reinos do Oriente Médio, garantiram o comércio helênico na região. Entretanto, em 546 a.C., Ciro, o Grande, rei da Pérsia, subjugou as cidades jônicas, obrigando-as a pagar tributos e a servir nas fileiras militares persas. Nesse primeiro momento, somente a ilha de Samos tentou resistir, mas como não recebeu apoio das pólis gregas, acabou sucumbindo.

Em 496 a.C. os jônios se rebelaram e, dessa vez, Erétria e Atenas foram ao socorro das cidades da Anatólia. De início, os gregos obtiveram algumas vitórias, mas foram derrotados na batalha de Lade (494 a.C.), travada perto de Mileto, a mais poderosa cidade jônica, que foi incendiada e teve os habitantes transferidos para o sul da Mesopotâmia.

O herdeiro de Ciro, Dario 1o inicia a expansão persa sobre o território grego na Europa. Em 492 a.C. mandou um grande contingente militar, sob comando de Mardônio, conquistar a Trácia e a Macedônia, chegando até a fronteira com a Grécia. Dario, então, enviou mensageiros às cidades gregas, exigindo a rendição, no que foi atendido por várias delas, principalmente as que se localizavam na região da Tessália. Atenas e Esparta, entre outras pólis, não aceitaram se render. Segundo Heródoto, o historiador grego, os atenienses teriam jogado os mensageiros persas dentro de um poço.

Batalha de Maratona

Em 490 a.C., Dario 1o, comandando em torno de 50 mil homens e com uma poderosa marinha de guerra, desembarcou na planície de Maratona, que fica a menos de 50 km de Atenas, a fim de reprimir os atenienses pelo auxílio dado durante a rebelião das cidades na Anatólia.

Milcíades, general ateniense, enviou um pedido de ajuda aos espartanos, mas esses responderam que só poderiam enviar suas tropas dali a seis dias, pois estavam em meio a celebrações religiosas. Milcíades, que já tinha sido governante de uma cidade na Trácia e conhecia as táticas de guerra dos persas, resolveu marchar imediatamente para Maratona e enfrentar os invasores.

A batalha de Maratona ocorreu em setembro de 490 a.C.. Os atenienses e os plateenses iniciaram a ofensiva contra os persas. Numa planície apertada entre o mar e as montanhas, um contingente de no máximo 15 mil gregos avançou contra os persas, buscando a batalha corpo a corpo. Heródoto conta que os súditos persas ao verem os gregos se aproximando velozmente, sem o auxílio nem de cavalaria, nem de arqueiros, acreditaram que estavam diante de um exército irracional, e muitos fugiram do combate.

Tamanha foi a violência dos gregos que os persas tiveram que recuar para seus navios. Milcíades mandou o corredor Fidípedes até Atenas para avisar sobre a vitória, enquanto marchava com suas tropas até o porto de Falero, para impedir uma nova tentativa de desembarque de Dario. Fidípedes teria corrido tanto e tão rápido até Atenas, que assim que cumpriu sua missão, caiu morto de exaustão.

O exército dos persas voltou para o Oriente. Por 10 anos o Império Persa se ocupou com outras questões: conquista de outros povos, submissão de rebeliões dentro do império, problemas nas sucessões dinásticas, dando tempo para que os gregos se reorganizassem para um futuro, e iminente, novo combate.

Texto escrito por Érica Turci, historiadora formada pela USP para o site Uol Educação - http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/primeira-guerra-medica-a-batalha-de-maratona.htm