quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Os Atores de Chaves - Roberto Gomez Bolaños (Chaves)

O Eterno Chaves


Escritor, publicitário, desenhista, ator, diretor, produtor, comediante, compositor, dramaturgo e pai de seis filhos. Este é o polivalente Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito, nascido a 21 de fevereiro de 1929, na Cidade do México e filho da dona-de-casa e secretária Elsa Bolaños com o pintor, desenhista e ilustrador de diversos jornais Francisco Gómez Liñares (responsável pela capa de importantes revistas de sua época, como "O Universal Ilustrado" e "Continental"). Com a morte precoce do marido, D. Elsa se viu na responsabilidade de sustentar os três filhos. Uma tarefa difícil, como descreve Chespirito em seu livro "Sin Querer Queriendo – Memorias". Também sobrinho do ex-presidente do México, Gustavo Díaz Ordaz Bolaños, Chespirito começou sua vida estudando Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenheiros da Universidade Nacional Autônoma do México. Até formou-se, mas descobriu que seu talento estava concentrado em Letras. Já com 22 anos, em 1951, foi redator publicitário da empresa D'Arcy. Especializou-se a escrever roteiros, redigindo primeiramente para o rádio... e depois, pra TV.

Sua grande criatividade e maestria no ofício de roteirista chamou a atenção dos humoristas Viruta e Capulina, que convidaram Bolaños para escrever o roteiro de seus shows, entre eles o consagrado "Cómicos y Canciones". O sucesso foi imediato e os patrocinadores adoraram o humor rico e sagaz do jovem. Chespirito escreveu "Cómicos y Canciones" por dez anos e também "El Estudio de Pedro Vargas". Estes dois humorísticos, por cinco anos, disputaram a liderança de audiência da TV mexicana (de 1960 a 1965). Em 1966, o consagrado Mario Moreno "Cantinflas" elegeu os roteiros de Bolaños para uma série que se chamaria "El Estudio de Cantinflas", porém o patrocinador cancelou o projeto.

Sua estréia como ator ocorreu por acaso. Em 1958, como o autor de "Cómicos y Canciones" e por saber o texto, substituiu um ator que havia faltado. A partir daí, não parou mais. Em 1968, Chespirito foi contratado pela TV Tim, com 30 minutos da programação de sábado. Então, como ator e escritor, estrelou suas duas novas séries: "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada" e "El Ciudadano Gómez"

Se lhe fizerem a seguinte pergunta: quem surgiu primeiro, Chaves ou Professor Girafales? O que você responderia? Certamente erraria, pois a resposta correta é a segunda opção. Isso mesmo. Foi o Professor Girafales. O personagem nasceu no primeiro programa que Chespirito teve na TV Tim, "Os Super Gênios da Mesa Quadrada", de 1970. Nesse programa, que lembrava um telejornal, María Antonieta de las Nieves lia as notícias do dia, que eram comentadas por dois conhecidos nossos: o doutor Chespirito Chapatin e o Professor Rubén Aguirre Girafales, além de Ramón Valdez Tirado ao Anis, um intelectual entregue às bebidas. Só que as notícias lidas eram reais, e as pessoas das quais os Super Gênios tiravam sarro eram reais... era um estilo de humor bem diferente do habitual de Chespirito, ele era semelhante ao nosso "Casseta e Planeta Urgente". Eles também liam cartas inexistentes e davam respostas absurdas às mesmas. O programa até que deu certo, só que Chespirito não gostava muito dele (talvez por medo da reação das pessoas enfocadas), e criou outro, meses depois, chamado "Chaves", que deu mais certo ainda... Mesmo sendo um programa datado, "Os Super Gênios" chegou a ser bastante exibido e reprisado no exterior. Aqui no Brasil infelizmente o programa nunca foi exibido. O Professor Girafales, no seriado "Chaves", se chama Inocêncio Girafales.

Em 1970, já com sua programação aumentada para uma hora na segunda-feira às 20 horas, a série passou a ser chamada de "Chespirito" e tinha quadros variados no qual Chapolin Colorado ("El Chapulín Colorado") fora apresentado, sendo que um ano depois também foi criada a série Chaves ("El Chavo Del Ocho"). Estes duas sketchs se destacaram tanto que tiveram meia hora de duração em um dia da semana, alternando as séries a cada dia. A partir de 1973, "El Chavo Del Ocho" e "El Chapulín Colorado" deixaram de ser quadros para se tornarem seriados. A Televisa, que comprara a TV Tim, passaria a produzir os programas.

As séries estouraram na TV mexicana e passaram a ser transmitidas internacionalmente por outras emissoras em quase toda a América Latina. No México, o sucesso era tanto que, em 1975, a série chegou dar picos de audiência entre 55 e 60 pontos. Já com o sucesso nas mãos, Chespirito em 1978 fez, escreveu e atuou no filme "El Chanfle", batendo todos os recordes de bilheteria existentes naquela época. Outros sucessos dele no cinema: "El Chanfle II" (1980), "Don Ratón y Don Ratero" (1983), "Charrito" (1985) e "Musica de Viento" (1988).

A partir de 1980, preencheu com o programa "Chespirito" (no Brasil, Clube do Chaves) uma hora de duração todas as segundas-feiras às 20 horas. As séries foram gravadas até 1995. Fora os personagens Chaves e Chapolin, Chespirito fez o Dr. Chapatin, Pancada Bonaparte (Chaparrón) e Chaveco (Chompiras). A série foi sucesso total, tanto que até teve seus produtos como discos, bonecos, lancheiras, brinquedos em geral, fitas de vídeo... Em 1996, se reiniciam as transmissões de seu programa, com renovado sucesso. Hoje, ela é transmitida para mais de 30 países, com dublagem original e também em outros idiomas (que é o caso do Brasil).

Chespirito também fez shows, os chamados "Show de Chespirito" e "La Quinta Vergara". Lotaram estádios de futebol, auditórios como o Luna Park em Buenos Aires e o Madison Square Garden na cidade de Nova York. A lotação destes shows chegaram até 80 mil pessoas em apresentações entre os anos de 1977 a 1983. O Chile viu barreiras de audiência serem quebradas, a Colômbia concedeu cidadania aos atores... Inclusive, numa viagem a este país, um pequeno engraxate colombiano, ao ver Roberto Gómez Bolaños sentado no mesmo ônibus em que estava, juntou seus trocados e entregou-os a Chespirito, dizendo: "Toma, Chaves! Agora você pode comprar o seu sanduíche de presunto". Ele, para não acabar com a fantasia do menino, aceitou as moedas.

Após um breve cancelamento, em 2000, as séries voltaram a passar na Televisa e preenche três horários por dia, de manhã, de tarde e de noite com altíssima audiência, certamente a maior do México. No dia 1º de abril daquele mesmo ano, devido ao 30° aniversário do programa "Chespirito", a Televisa lhe oferece uma merecida homenagem transmitida durante o dia inteiro pelo Canal 2 ("El Canal de las Estrellas"), na qual todo o elenco se reúne - inclusive Carlos Villagrán, que não o via há mais de vinte anos na ocasião. Ainda em 2000, decide dar seu apoio à candidatura de Vicente Fox, apesar de ter-se mantido sempre afastado da política, pois sua influência na alma e no coração dos mexicanos representa uma grande responsabilidade. Hoje, mantendo-se ainda apolítico (e sobretudo, apartidario), felicita-se por ter "posto um grão de areia na mudança para um México mais democrático".

Ele é muito homenageado, tem seis filhos (do primeiro casamento) e 12 netos e seu braço direito é a atual esposa Florinda Meza, a Dona Florinda, por quem se apaixonou definitivamente durante uma viagem ao Chile em 1977. A união só seria oficializada, porém, 27 anos depois em novembro de 2004, num restaurante da Cidade do México. Seu apelido Chespirito foi dado pelo diretor de cinema Agustín P. Delgado, considerando Roberto Gómez Bolaños um pequeno Shakespeare com estatura de 1m60cm (e "Chespirito" é uma espécie de diminutivo de Shakespeare em espanhol). Delgado assimilou a sua formidável capacidade de escrever, tanto em teatro, cinema e TV, comparando-o ao escritor inglês. Calcula-se que, em 43 anos de carreira, Chespirito escreveu 60.000 folhas, 2.400.000 linhas e, aproximadamente, 168.000.000 letras.

Roberto Gómez Bolaños, que encenou por sete anos ininterruptos a peça teatral "11 y 12" (que voltou a estar em cartaz em 2007), é diretor da Televicine, empresa de cinema da Televisa, dando importante impulso à indústria de cinema mexicano que vinha sofrendo uma penosa decadência. Lançou recentemente, dois livros: "...Y Tambíén Poemas" (com poesias de sua autoria) e "Sin Querer Queriendo - Memorias" (autobiografia). Seu maior sucesso literário é "El Diario del Chavo del Ocho" (1995), lançado no Brasil em 2006 com o título de "O Diário do Chaves". Chespirito, que procura tocar um hobby que sempre sonhou - nada relacionado com os seriados que o consagrou - de escrever contos eróticos, atualmente sofre com problemas de saúde, pois perdeu a audição do lado esquerdo e luta contra um enfisema pulmonar, resultante de 40 anos em que foi fumante. Em 2007, Chespirito viu seu nome e o de "El Chavo del Ocho" no Guinness Book 2007 como o único programa a alcançar, pelo menos uma vez, a liderança de audiência em todos os países que foi transmitido.

Em constante evolução, trabalhando incessantemente e crescendo sem limites, Roberto Gómez Bolaños tem como seu maior objetivo ser feliz, fazendo felizes as outras pessoas... e certamente o conseguiu, com grande êxito.


Um comentário:

  1. vc com toda as historias que escreveu ao lado do seu amigo CHESPERITO<3

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